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sexta-feira, 9 de maio de 2025

7 Regras básicas para o debate de ideias em Sexualidade

1. Crie um clima seguro e de confiança mútua;

2. Conheça os seus alunos/formandos;

3. Estabeleça regras com base no respeito mútuo;

4. Saiba ouvir;

5. Respeite as opiniões do grupo e de cada indivíduo;

6. Considere como pertinentes todas as questões;

7. Convide todos a participar no debate, mas permita que só participe quem quiser

sábado, 5 de abril de 2025

Artigo "Sexo para Menores"




Os sentidos do sexo


Desde o primeiro contacto visual até ao clímax sensorial que designamos por orgasmo, a vista, o paladar, o ouvido, o olfacto e o tacto desempenham o seu papel na sexualidade humana. Nas páginas seguintes, poderá ver e saborear os matizes que cada sentido confere à experiência erótica, escutará como foram interpretados, ao longo da história, pelas vozes mais respeitadas da cultura, da filosofias ou da religião, terá um cheirinho das últimas descobertas científicas sobre a percepção humana na intimidade e sentirá o prazer de aumentar os seus conhecimentos sobre um tema que interessa a todos os homens e mulheres.

Os sentidos do sexo
A relação do casal, da sedução ao clímax, é modulada pelos instintos básicos, que obedecem às ordens do império dos sentidos.

Os sentidos são os mecanismos fisiológicos que permitem ao ser vivo conhecer e interagir com o meio que o rodeia. Todas as coisas, de uma tempestade a um torrão de açúcar, possuem formas próprias, apresentam texturas específicas, sabem de determinada maneira, emitem sons diferenciados e possuem um cheiro próprio. Todavia, a percepção desses fenómenos não é universal. Em primeiro lugar, as características que compõem os objectos são distinguidas por nós através da consciência, que é o que nos serve para assumir aquilo que não somos e, por conseguinte, o que somos.

Depois, essas propriedades são interpretadas pela subjectividade: um lírio não apresenta as mesmas cores para uma abelha ou um ser humano, nem um maori terá o mesmo conceito de mau odor de um ocidental. De uma sensação (o calor), passamos para uma avaliação (“tenho calor”) e, finalmente, para uma apreciação (“Este calor vai dar cabo de mim!”). Os sentidos dependem da cultura e da ideologia.

Os considerandos fisiológicos que antecedem o nosso juízo sobre a realidade têm sido classificados, tradicionalmente, por vista, olfacto, gosto, ouvido e tacto. Segundo um provérbio judeu, quando nos oferecem duas possibilidades, escolhemos sempre a terceira, pelo que não se tardou a procurar um sexto sentido. No início, essa faculdade suplementar foi identificada com a intuição (em especial a feminina, em época de reivindicação do género), até que a invasão do paranormal obrigou a redefini-la como percepção extrassensorial; uma alínea para falar em sentido para além dos sentidos. Actualmente, os cientistas não chegam a um consenso sobre a quantidade exacta de dispositivos biológicos de que dispomos para nos informarem sobre o mundo.

Independentemente de todas as pesquisas, é interessante constatar que a distribuição por cinco produziu de imediato uma qualificação moral acessória, que ainda subsiste. As faculdades que nos permitiam manter a devida distância (o ouvido e a vista) passaram a ser consideradas nobres, enquanto aquelas que exigem proximidade (o gosto, o olfacto e o tacto) foram classificadas como inferiores.

Continuamos a observar a vigência desta divisão na mais sublime das expressões humanas. Uma pintura ou uma escultura podem ser arte, do mesmo modo que a música, mas torna-se difícil que um vinho, uma fragrância ou uma textura consigam entrada no Olimpo da estética. A intelecção, o profundo e o transcendente não necessitam de farejar, tocar ou saborear. Desde Aristipo de Cirene (435–350 a.C.), de quem se dizia que, antes de se dirigir à ágora, se perfumava “como uma mulher”, poucos filósofos desbarataram o seu tempo nesses mesteres, e muito menos se preocuparam em reivindicar uma filosofia sensível que comesse, beijasse ou cheirasse.

Será que algum exercício dos que definem a nossa condição de seres humanos sociais exige aplicar os cinco sentidos? O raciocínio não, nem a linguagem: podemos manter uma conversa com recurso à vista, ao ouvido e, talvez, ao olfacto; do tacto, o máximo que experimentaremos será o contacto da mão quando a estendemos para demonstrar que não estamos armados. E a agressividade? Ora, nem sequer numa briga de bairro se sente a falta do gosto. Apenas interagir sexualmente exige a coordenação inteligente e harmoniosa de todos os sentidos. Ora vamos, como contam que dizia Jack, o Estripador, por partes…


Vista: Entra pelos olhos
Os estímulos visuais activam o desejo nas primeiras fases do encontro sexual. Porém, à medida que se encurtam as distâncias,  o sentido tradicionalmente associado à moral e ao conhecimento poderá mesmo constituir um estorvo.

O teólogo renascentista Nicolau de Cusa (1401–1464) atribuiu a Deus um olho perfeitamente esférico, que podia voltar-se em todas as direcções. Os ícones bizantinos representam Cristo numa perspectiva diferente da ocidental: as linhas de fuga inversas produzem a sensação de que não somos nós que olhamos o quadro, mas ele que nos observa. Esses olhos são também excessivamente grandes sob sobrancelhas arqueadas, o que intensifica o efeito. Por sua vez, a iconografia românica deixou-nos imagens sagradas cobertas de órgãos visuais por todo o lado (heterotópicos).

Todavia, para além da pretensão moralizante e culpabilizadora que se deduz da máxima “Deus vigia-te”, residia a vontade de manifestar que o Ser Supremo tudo sabe, pois sempre associámos a capacidade visual à compreensão. “Não vês?” equivale a perguntar “Não entendes?”, enquanto exclamar “Estás cego!” implica anunciar que o nosso interlocutor não tem capacidade para perceber.

Pelos olhos, além do mais, acede-se à alma. Por isso, as moedas que acompanhavam os mortos para pagar ao psicopompo (a figura mítica que conduz os defuntos para o Além) eram colocadas sobre as pálpebras fechadas. De igual modo, o mau-olhado (o olhar de um zarolho, para alguns) opera no imaginário supersticioso um efeito de magia imitativa, segundo a qual a semelhança produz a semelhança. Assim, um olhar enviesado (uma alma enviesada) desencadeia tristezas e desgraças.

Contudo, se é verdade que equiparamos a vista ao entendimento, o que significam, nesse caso, expressões como “deixar-se cegar” ou “pôr os olhos em alvo”? Ora, ambas (e aqui entramos em terreno sexual) servem para nos acusar de termos esquecido, por nos entregarmos ao mundo sensível, a percepção da moralidade; indicam que perdemos de vista a virtude. As sagradas normas do pudor sexual exigem ver com olhar casto: que o diga o pobre Acteon, devorado pelos seus próprios cães após ter visto, involuntariamente, a deusa Artemisa sem roupa. Um castigo semelhante foi imposto a Tirésias, que ficou cego após contemplar o corpo da deusa Atena.

Apesar do seu prestígio, o certo é que o sentido da vista, pela dificuldade de funcionar a uma distância muito curta, não costuma ser o que mais sobrecarregamos de trabalho nos nossos lúbricos afazeres. Das cinco fases que se observam na resposta sexual humana (desejo, excitação, planalto, orgasmo e resolução), apenas costuma intervir nas duas primeiras, e torna-se inútil (ou mesmo inconveniente) nas etapas seguintes.

Ao longo da primeira fase, a do desejo, a vista procura geralmente a simetria, de acordo com alguns especialistas. Um eixo imaginário dividiria em duas metades idênticas o nariz, os lábios, os seios e as nádegas. Semelhante teoria obedece a uma orientação de tipo naturalista, propensa a acreditar que o nosso desejo é activado pelo afã reprodutivo; porém, os seres humanos são tão abençoadamente complexos que atribuem valor a elementos visuais de vastíssimo espectro.

Na fase de excitação, o olhar vira-se mais para o pormenor e o gesto: os genitais, uma boca que se entreabre, os nós dos dedos, a transpiração, os dedos dos pés... Depois, em especial durante o orgasmo, a vista desvanece, muito embora os olhos permaneçam abertos. Ao contrário do que se costuma pensar, o clímax sexual é a emoção mais individualista que existe: ninguém irá saber nunca como eu a vivo, ninguém participará nela, por mais que nos empenhemos os dois em tentar sincronizar-nos. Esse acto de extraordinário recolhimento exige uma introversão total; é a rejubilante concretização de estar infinitamente sozinho consigo próprio. Se há algo de transcendente na nossa existência sensível, produz-se nesse momento. O orgasmo cego que se torna visão e que nos olha.

“Eu sou porque Vós me observais”, afirmava o já citado teólogo Nicolau de Cusa após a sua visão mística. E é verdade. Podemos crer... de olhos fechados.

Não é apenas a nossa moral mítico-religiosa que castiga quem utiliza sexualmente, de modo incorrecto, o sentido da vista, assim como a freudiana ou lacaniana pulsão escópica, isto é, o desejo irreprimível de olhar e de completar aquilo que não se vê. Na sua bíblia particular (a quarta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais, DSM-IV), a psiquiatria trata o voyeurismo como uma parafilia, inserida no apartado genérico dos Distúrbios Sexuais e de Identidade Sexual.

Aquele que inicia e finaliza o uso da sua condição sexuada na contemplação (e não na convencional sequência que vai dos preliminares ao coito) deverá ter, segundo este critério médico, a vista obscurecida. “A primeira vez que vi uma mulher nua, julguei que se tratava de um erro”, disse Woody Allen. Aqueles que julgam um desvio alguém satisfazer-se simplesmente através do olhar poderão, igualmente, estar a induzir em erro ao classificá-lo como tal.

Se a simples observação é mal vista pelo sexo oficial, recriar-se com algo específico possui ainda pior fama. Assim, atribuímos um nome aos que gostam de ver pessoas adormecidas (praticam a hipnofilia), a quem se excita ao ver o parceiro enquanto se deita com outro (candaulismo), aos que tiram prazer do coito alheio (alopelia) e aos casais que culminam a sua interacção sexual com a visualização da nudez de um terceiro (aloerastia).




Paladar: O teu sabor
O ideal de uma relação erótica é fundir-se com o outro; por outras palavras, comerem-se mutuamente. Com efeito, o sexo possui algo de antropofagia, como demonstra a moda do vampirismo no cinema e a sua carga erótica.

O célebre conto de Charles Perrault acaba por não explicar de que modo o libertino lobo pretendia alambazar-se com a inocente Capuchinho Vermelho; a qual, possivelmente, lhe pareceria boa como o milho. No nosso quotidiano, as metáforas que relacionam a alimentação e, por extensão, o sentido do gosto com o sexo são múltiplas. Não só as que se referem a acções como, também, as que associam partes do corpo com viandas. De facto, textos tão insuspeitos como a Bíblia contêm passagens que jogam com essa ambivalência erótico-gastronómica dos significados: “Mel virgem é o que destilam os teus lábios, minha amada. Há mel e leite sob a tua língua” (Cântico dos Cânticos, capítulo IV). Espero que ninguém se escandalize com esta ingénua associação que louva o gosto de um dos livros sapienciais do Antigo Testamento, pois o próprio texto pode ir bastante mais longe nas suas sumarentas descrições: “O meu amado meteu a mão pela racha, e foi por ela que estremeceram as minhas entranhas” (capítulo V). O que será a racha? Teremos de convocar um concílio...

O sexo visto como acto antropófago foi alvo de análise por múltiplos estudiosos. Para o francês Claude Lévi-Strauss (1908–2009), antropólogo e pai do estruturalismo, não era mais do que uma forma de sexualidade alimentar. Os tupinambás do Brasil, por exemplo, celebravam com os seus convidados um ritual concupiscente em que estes se deitavam com as suas mulheres, o qual culminava, como nos rituais dionisíacos, com a ingestão do convidado. De acordo com esta visão, o máximo prazer não provém do orgasmo, mas da comunhão com o parceiro por desgustação. Era essa a maneira de encetar uma relação praticada pelo tristemente célebre Armin Meiwes, o “Canibal de Rotemburgo”. Após marcar um encontro pela internet, Meiwes esquartejou e deu conta de um engenheiro de Berlim, com o consentimento do próprio. Sigmund Freud também encontrou uma relação entre comida, gosto e sexo. Segundo o psicanalista vienense, o bebé satisfaz instintivamente, enquanto mama, dois desejos primários ainda indiferenciados: o da alimentação e o do sexo. 

O enraizamento do conceito que associa a antropofagia a uma máxima integração com o parceiro, assim como o poder degustá-lo antes da união num só corpo, manifesta-se no êxito literário-cinematográfico do vampirismo. Que outra coisa é vampirizar alguém senão manter uma particular e transcendente relação sexual com o outro?  Primeiro, é a mordidela...  ou deveríamos dizer o orgasmo? Basta observar o rosto de Gary Oldman quando a amada, apesar das reticências, se deixa morder pelo actor na versão de Drácula realizada em 1992 por Coppola. Depois, e graças ao aperitivo, a criatura das trevas irá saborear o sangue: constitui o hálito vital, além de fluido oculto, como o sémen ou a saliva. Conseguirá, desse modo, a conversão eterna do outro naquilo que é.

Além disso, o gosto constitui, a par do olfacto, um extraordinário aferidor bioquímico de compatibilidades. Por isso, e para saber se convém que avancemos mais, iniciamos os nossos encontros concupiscentes com um beijo intenso. Através da língua, identificamos informação sobre a predisposição do beijado para coabitar sexualmente connosco, assim como pormenores sobre o seu estado de saúde, os seus receios... Serve também para explicar a razão pela qual as crianças, no seu ingénuo afã para entender os objectos, os levam à boca. Seja como for, o gosto (talvez mais como detector bioquímico do que como gourmet qualificado, embora haja sabores raros que dificilmente descobriremos fora da interacção sexual) é um grande aliado e confessor da líbido. Definitivamente, um actor fundamental para que possamos, uma vez terminado o encontro íntimo, recordá-lo com gosto.

Outro elemento significativo da relação que o sexo mantém com o sentido do gosto pode ser encontrado nessa antiga enteléquia dos afrodisíacos. Até ao aparecimento dos actuais suplementos de testosterona ou do Viagra, a procura de uma substância que pudesse acender a líbido quando se quisesse já fora empreendida por inúmeros alquimistas, bruxos e charlatães. Dos filtros de amor às ostras, a humanidade sempre procurou provocar, com recurso a um complemento, aquilo que apenas o desejo pode desencadear. Todavia, as poções mágicas mostravam-se renitentes.

Socorriam-se muitas vezes da associação, em termos de  semelhança física, com os genitais. É o caso das ostras, dos percebes, da baunilha (etimologicamente, “vagina”) ou do chifre de rinoceronte. Outros baseavam as presumíveis propriedades no exotismo: se provém de lugares tropicais e os nativos cabriolam o que cabriolam, é porque o que comem os induz a isso. Assim, atribuímos de imediato a sabores estranhos ao nosso paladar, como a pimenta, a canela ou o cacau, a capacidade de atear paixões. Por falar em chocolate, é rico em fenil­etilamina, um neurotransmissor de vital importância para os processos neuronais de enamoramento e que também surge nas rosas. Será talvez por isso que comparecemos nos primeiros encontros com um ramo e uma caixa de bombons?



Ouvido: Diz-me, diz-me!
Os sons possuem a virtude de espicaçar a nossa imaginação e, por conseguinte, de acender a chama da líbido.

Indubitavelmente, a música produz no Homo sapiens sapiens uma resposta emocional e uma reacção biomecânica concretas. Por isso, não será de estranhar que constitua um elemento condicionante no jogo de sedução; é que, tal como os discursos, entra pelo ouvido. Em termos sexuais, é já lendária (e, por conseguinte, questionável) a ideia de que os homens são mais facilmente estimulados pelos olhos e as mulheres pelas orelhas. Semelhante afirmação basear-se-ia no facto de elas serem muito mais fantasiosas do que eles. As fantasias e os desejos femininos tendem para a complexidade narrativa, pois as mulheres cuidam mais do estilo, do argumento, do enredo e do pormenor descritivo.

Efectivamente, se quisermos activar esse mecanismo criativo, é muito mais eficaz o ouvido do que a vista. Como assinalou o filósofo canadiano Marshall McLuhan (1911–1980), tornámo-lo complementar de outro sentido. Faça a prova: observe a sua própria reacção perante o próximo estímulo auditivo que receber.  Inconscientemente, irá procurar com o olhar a fonte do som. Esta propriedade faz da imagem sonora um aliado perfeito do desejo. Aperceber-se de um gemido ou de um fecho-éclair que se abre equivale a começar a escrever o relato da interacção. Por isso, o porno (meio explícito servido a quente, na terminologia de McLuhan) perde a disputa em termos eróticos.

Do mesmo modo que não é o mar que ouvimos quando aproximamos uma concha da orelha, mas a circulação interna no ouvido médio, quando escutamos o outro durante as primeiras fases do acto sexual (a excitação e o planalto) estamos, na realidade, a apreender o rumor do nosso desejo. Por isso, gerir bem o ouvido do parceiro garante, em grande medida, o êxito do encontro.

Reza a tradição que os argonautas conseguiram vencer a atracção pelo canto das sereias escutando a voz celestial de Orfeu. Ulisses, advertido pela feiticeira Circe, fez-se amarrar ao mastro enquanto a tripulação tapava os ouvidos com cera. Aqueles seres melodiosos eram a encarnação da mulher fatal, aquela que, se lhe prestarmos ouvidos, irá acabar connosco. Todavia, em termos de sexo, há que deixar-se levar pelo canto das sereias e reservar a cera para as velas.

O que queremos ouvir durante um encontro sexual? Tudo poderá revelar-se de uma utilidade extraordinária desde que seja verídico e surja no momento oportuno: de um gemido a uma lisonja, de uma incitação ao mais insolente dos insultos. De facto, os palavrões constituem um recurso habitual, muito mais do que a sexualidade normativa e púdica está disposta a admitir. Resultam muito bem (escusado será dizê-lo) entre os casais compenetrados e cúmplices que acordaram, explícita ou implicitamente, semelhante prática. Porém, não devemos esquecer que o que se ordena à mesa não se desordena na cama, por mais que, momentaneamente, pareça o contrário.


Olfacto: Pelo nariz
Não se deve subestimar a influência do cheiro corporal no fragrante jogo da sedução.

Dizia um libertino ilustrado do século XVIII que “o beija-mão é um grande princípio: permite farejar a carne”. Tendo em consideração que o cumprimento estava reservado às mulheres casadas, é uma autêntica declaração de princípios. A tradição de farejar, como forma de saudação e de reconhecimento, caiu em desuso. Agora, apoiamos suavemente os lábios na face de alguém próximo, mas, antigamente, esse gesto apenas antecipava uma profunda inspiração para apreender o aroma do próximo. Claro que isso era antes de o sentido do olfacto cair na acusação de animalidade. No entanto, apesar de todo o desprezo, empenha-se em demonstrar-nos a sua fascinante capacidade para a evocação.

O estímulo sensível captado pelo nariz irrompe directamente no sistema límbico (a zona mais primitiva da massa cinzenta, do ponto de vista evolutivo, e sede das emoções); depois, comunica com o córtex, o cérebro pensante. Esse ataque directo aos instintos explica a sua eficácia para induzir tanto a fantasia como a memória. Não só é o sentido mais intuitivo como, também, o mais irracional; veja-se a dificuldade em descrever um aroma.

Quando dizemos, por exemplo, “isto não cheira bem”, é muito diferente de afirmar “não vejo com bons olhos”. No segundo caso, queremos dizer que já emitimos um veredicto negativo depois de ter submetido a questão a uma apreciação, pois ver equivale a entender. No entanto, quando recorremos à metáfora odorífica, estamos a “torcer o nariz”, isto é, intuimos que algo não vai bem.

Numerosos estudos revelam que o palpite se alicerça na pormenorizada informação bioquímica que captamos sem ter consciência disso. No sexo, valorizamos particularmente um elemento do qual se discutia, até há pouco tempo, se fora alguma vez activado pelos seres humanos: as feromonas. O termo, aplicado inicialmente pelo alemão Peter Karlson e o suíço Martin Lüscher em 1959, provém etimologicamente das palavras gregas pher (levar) e hormon (estímulo, excitação).

Segregadas pelas glândulas sexuais, essas substâncias transmitem-se pelo ar, mesmo a grandes distâncias, e integram dados precisos sobre a predisposição para o acasalamento da fonte emissora. Parece que os seres humanos as apreendem através do órgão vomeronasal, um apêndice neuronal ligado ao nariz. No caso do homem, as feromonas mais importantes são as androsteronas, propagadas pelas axilas. Por sua vez, as mulheres libertam copulinas da vagina durante o estro, o período de fertilidade. Estas seriam responsáveis, por exemplo, pelo facto de diversas mulheres que vivam juntas acabarem por sincronizar os seus períodos menstruais. Claro que parece que temos tendência para não apreciar o nosso odor corporal, talvez pela inutilidade de processar mensagens que não foram dirigidas por qualquer remetente. Embora também possa influir, sem dúvida, uma característica exclusiva do olfacto: a de deixarmos de perceber certos odores ao fim de algum tempo de estar na sua presença.

Com o intuito de disfarçar estes reclames e muitos outros, ainda menos estimulantes, as fragrâncias sintéticas evoluíram em forma de perfumes, águas-de-colónia, ambientadores, etc. Talvez tenham alguma utilidade para a vida social humana, mas não são mais do que um estorvo no terreno sexual.

Todavia, não são apenas os odores que emanamos como animais sexuados e reprodutores que nos excitam. A verdade é que aquilo que designamos por humano, como já afirmámos, possui a capacidade de se exprimir de múltiplas formas. São exemplo disso a excitação sexual suscitada por cheirar flores (antolagnia), ou por farejar, entre outros odores físicos, um sapato usado (osmolagnia).





Tacto: Todas as teclas
A totalidade da pele pode ser considerada uma zona erógena, ou um instrumento que aprendemos a interpretar a quatro mãos.

Os antigos gregos chamavam “paquiderme” a quem tinha a pele grossa. Segundo eles, a protecção cutânea permitia-nos o contacto com o meio e a interacção; por conseguinte, o entendimento. Uma epiderme espessa era, em termos simbólicos, sinónimo de ignorância, rusticidade e incapacidade de compreensão.

Na sua expansão colonizadora, os romanos criaram curiosos territórios: os limes. Era assim que denominavam as zonas fronteiriças que marcavam os limites da expansão; para além destes, só existia a barbárie. Tudo o que acontecia nessas zonas de transição condicionava o funcionamento de Roma, o cérebro do Império. O limes era um espaço de perigos e confrontos, mas também, dada a sua capacidade osmótica e sensibilidade, de extraordinária riqueza cultural.

A pele, o nosso receptor do tacto, cumpre ambas as funções transcendentais: por um lado, desempenha o papel de limite e barreira, mas, pelo mesmo motivo, também configura um espaço de comunicação com o outro. A capacidade para transmitir informação na forma de pressão, temperatura ou textura é extraordinária. O órgão cutâneo conta com cerca de cinco milhões de terminações nervosas. Deste modo, reveste-se de uma importância crucial nos encontros de carácter sexual.

Os sexólogos sabem que essa superficie de aproximadamente dois metros quadrados constitui, na totalidade, uma zona erógena com capacidade para convocar Eros. No entanto, podemos ser mais subtis e distinguir dois tipos de zonas: as primárias (normalmente, os genitais), cuja estimulação provoca o orgasmo com maior rapidez, e as secundárias, que seriam as que permitem antecipar uma maior sensibilidade das anteriores. É também verdade, como Sigmund Freud anunciou, que essas janelas para a excitação se tornam facilmente histéricas ou erróneas se o estímulo não for o adequado.

Em sentido figurado, ter tacto (e, aqui, voltamos ao que falávamos sobre a capacidade deste sentido para contactar, comunicar e entender o outro) é uma qualidade diplomática. Consiste em saber apalpar cada coisa no devido momento. Como dizia Abraham Lincoln com um certo mau-humor não isento de razão, semelhante faculdade possui a virtude de “pintar os outros tal como eles se vêem”.

O que vem a seguir é algo que permanece ignorado pelos devotos de manuais do “bom amante” e pelos que procuram localizar dispositivos mágicos como o mítico “ponto G”: a sexualidade funciona como uma sinfonia. Saber que um piano possui teclas brancas e outras negras, mais pequenas, inseridas nas primeiras a intervalos esporádicos, não nos torna pianistas, e muito menos compositores.

Esforçar-se por encontrar a tecla infalível só serve para ficar a dar à manivela de uma pianola. Além de nos fazer perder tempo, coarcta a nossa espontaneidade e naturalidade, virtudes absolutamente recomendáveis quando se trata de nos relacionarmos sexualmente. Aprender a provocar pele de galinha ao nosso parceiro é tão difícil como inevitável: a epiderme, com a sua paisagem específica e vestígios de guerra, é o mapa sobre o qual temos, forçosamente, de nos orientar.


V.T. - SUPER 153 - Janeiro 2011







Erotismo em excesso - O síndroma da excitação persistente



Uma das disfunções da líbido mais enigmáticas e dolorosas que afectam o sexo feminino é a da excitação genital permanente, que surge sem que haja desejo, motivo ou maneira de ser aliviada. Investigámos as causas e os possíveis tratamentos para a estranha síndrome.

Em 2009, Michelle Thompson, uma inglesa de 43 anos, tornou-se subitamente famosa ao anunciar ter 300 orgasmos por dia desde há já algum tempo. Além do número, o aspecto mais singular do caso é que não os atingia através de relações eróticas ou da masturbação. Surgiam isoladamente, de repente, sem que houvesse desejo ou aviso prévio. Um dia, Michelle viu na TV uma reportagem sobre o assunto e sentiu que se identificava. Por isso, consultou um médico. Meses depois, foi-lhe diagnosticado o síndroma de excitação sexual persistente (PSAS, na sigla inglesa), uma alteração que provoca uma afluên­cia excessiva de sangue aos órgãos genitais e que causa uma excitação repentina e constante, mergulhando as mulheres afectadas num estado contínuo pré-orgásmico. “Trata-se de uma disfunção pouco frequente que se caracteriza pela presença de tensão genital e excitabilidade, mas sem a intervenção de qualquer desejo. Nem sempre conduz ao orgasmo e, mesmo que isso aconteça, a sensação não costuma desaparecer”, explica o psicólogo e sexólogo Francisco Cabello.

Além disso, verifica-se um dado curioso em termos de diagnóstico: as mulheres com PSAS vão ao ginecologista para se queixar de insatisfação sexual ou de dores durante a penetração, mas não para falar do persistente estado de excitação. De igual modo, embora a alteração possa surgir em qualquer idade, é mais frequente nas mulheres que estão na fase da menopausa (entre os 40 e os 50 anos) e naquelas submetidas a tratamentos hormonais. Outro dado confirmado é que, em certos casos, o aparecimento do síndroma pode estar relacionado com a suspensão de tratamentos com fármacos antidepressivos.

O PSAS foi identificado, pela primeira vez, em 2001, pela norte-americana Sandra Leiblum, especializada em terapia sexual, embora seja preciso reconhecer que, há um século, o psiquiatra alemão Richard von Krafft-Ebing descreveu sintomas semelhantes ao analisar a ninfomania. Sandra Leiblum tratou diversas pacientes que manifestavam excitação se­xual sem terem recebido estímulos libidinosos. Desde então, mais de 18 mil mulheres que pensavam ser vítimas do síndroma contactaram-na, e cerca de 2000 foram diagnosticadas.

A baixa incidência do PSAS, a par da angús­tia e da sensação de falta de controlo que pro­duz nas mulheres afectadas, explica a razão pela qual muitas preferem conviver com o problema em segredo. Por isso, uma das vítimas, a escritora norte-americana Jeannie Allen, definiu várias vezes a alteração como uma epidemia silenciosa cuja existência é apenas do conhecimento público graças aos meios de comunicação social, motivo pelo qual decidiu fundar um grupo de ajuda online para mulheres com o síndroma. Assim, a página http://www.psas-support.com proporciona apoio e aconselhamento às mulheres afectadas.

Actualmente, os especialistas consideram que o quadro clínico demonstra que se trata de uma disfunção sexual, e esperam ela que seja incluída no próximo Manual de Diagnóstico e Estatística dos Distúrbios Mentais (o DSM, referência mundial na área, que contém todos os problemas que afectam a mente e a sua descrição). O PSAS não está relacionado com ser dependente do sexo ou ter multi-orgasmos, pois produz-se sem qualquer apetite erótico. “O estado de excitação das paciente surge sem que exista necessariamente um estímulo”, insiste Francisco Cabello. Nesse caso, o que se passa? “Sem que nada a provoque, verifica-se uma intensa tensão genital que, seja dito de passagem, não encontra alívio com o onanismo.”

Embora não se conheçam as verdadeiras causas, são várias as hipóteses sugeridas. “O PSAS”, diz Cabello, “tem sido relacionado com a existência de alterações neurológicas, com modificações vasculares na zona genital, com a possível pressão de tumores genitais e, também, com perturbações do sono.”

O que se torna evidente é que o problema começa (pelo menos, na maior parte das 2000 mulheres estudadas por Sandra Leiblum, que dirige os Serviços de Psicologia do New Jersey Center for Sexual Wellness, em Bedminster) com a chegada da menopausa, semanas depois de terem tido um filho por cesariana, após um tratamento com antidepressivos ou devido à combinação de diversos fármacos.

O perfil psicológico das mulheres afectadas é também muito importante, dado que se trata, em geral, de pessoas com tendência para sofrer do distúrbio obsessivo-compulsivo. No entanto, como acautelam os psicólogos, ainda não sabemos se estamos perante um problema de controlo dos impulsos.

Em 2008, o neuropsiquiatra Marcel Waldinger e os seus colegas da Universidade de Utrecht (Países Baixos) conduziram um estudo com 18 mulheres que sofriam do síndroma. Os resultados, publicados no Journal of Sexual Medicine, permitiam constatar um novo factor: a maior parte das pacientes observadas sofria também do síndroma das pernas inquietas e de hiperactividade da bexiga, além de varizes na região pélvica. Segundo Waldinger, este dado poderia indicar que o PSAS constituiria uma forma genital desse síndroma: uma perturbação do sono, ainda por estudar em profundidade, associada ao ardor, ao formigueiro ou à dor nos membros inferiores que surge durante a tarde ou a noite, provocando movimentos involuntários durante as horas de sono.

Por sua vez, Cesare Battaglia e Stefano Venturoli, da Universidade de Bolonha (Itália), defendem outra hipótese, Surgiu enquanto estudavam o caso de uma paciente de 25 anos que sofria de PSAS. Os médicos submeteram-na a diversos exames clínicos (ecografia Doppler, ultrassonografia 2D e Power Doppler tridimensional), a fim de medir o volume e irrigação do clítoris antes e depois de alcançar o clímax.

O resultado foi esclarecedor: a jovem apresentava uma ligeira e intermitente intumescência do clítoris que recorda o priapismo masculino. Trata-se de uma erecção prolongada do pénis que impede, por vezes, os indivíduos afectados de se mexer ou sentar-se, devido à dor. O trabalho dos dois italianos torna manifesto um dos obstáculos que os especialistas enfrentam quando se trata de abordar e diagnosticar o distúrbio feminivo: a ausência de sintomas físicos evidentes.

Os elevados níveis de ansiedade observados nas pacientes e a insatisfação contínua que as afecta levam a pensar noutras possíveis causas. Não se trata de uma necessidade que nasce da mente, mas de uma sensação física. Aparentemente, produz-se uma afluência de sangue que se mantém na zona genital, o que dá origem a uma excitação incontrolável. Há uma falta de controlo dos próprios impulsos, o que causa angústia e uma sensação de vazio. No campo psicológico, o PSAS pode ter muito a ver com a ansiedade ou mesmo com possíveis carências afectivas.

O aspecto mais grave do distúrbio é provocado pelas consequências psicológicas verdadeiramente devastadoras, decorrentes da aflição permanente que provoca. A zona genital fica tão hipersensível que nem sequer a masturbação consegue aliviar a tensão. É por isso que o problema se torna tão incómodo e doloroso; vive-se, em geral, com muito mal-estar, pois trata-se de algo não desejado e incontrolável.

Em alguns casos, como o de Michelle Thompson, além da aflição e dos picos emocionais que suscita, o PSAS é a causa de problemas entre o casal ou mesmo laborais. Para piorar a situação, recordam os psicólogos, estas mulheres são frequentemente confundidas com viciadas no sexo ou ninfomaníacas, embora o problema não tenha nada a ver com isso. Assim, sentem-se diferentes das outras ou mesmo desprezadas, pelo que podem, por vezes, sofrer depressões devido à sensação de falta de controlo. É evidente que esta confusão faz que as vítimas do síndroma tenham de suportar, muitas vezes, uma grande angústia, o que inevitavelmente se repercute, de forma negativa, na sua auto-estima.

O que pode, então, fazer a medicina por estas mulheres? Actualmente, não existe uma cura definitiva para o distúrbio e, por conseguinte, o tratamento consiste na combinação de diferentes terapias destinadas a aliviar os sintomas. Em primeiro lugar, surgem as soluções farmacológicas: anestésicos locais, associados ao mentol; inibidores da recaptação da serotonina e medicamentos hormonais anti-androgénicos. Existem outras moléculas a ser preparadas nos laboratórios que parecem promissoras: “Testaram-se bastantes fármacos, com destaque para os anti-epiléticos, que em alguns casos surgem como o tratamento preferido”, explica Francisco Cabello.

Em paralelo à abordagem farmacológica, os especialistas insistem nos benefícios para as pacientes da psicoterapia. Embora não haja um protocolo de procedimento que se possa aplicar de forma generalizada, na maior parte dos casos o importante é trabalhar as possíveis causas e ajudá-las a dominar a ansiedade e os impulsos. “É preciso ver se existe uma causa orgânica subjacente. Se não houver, o tratamento deve ser abordado com fármacos ansiolíticos”, afirma Cabello.

O facto é que a ansiedade é um sintoma presente em todas as pacientes. É por isso que os psicoterapeutas também recorrem a métodos de descontracção para tratar o PSAS. Através de técnicas designadas por “prevenção de reac­ção”, ajudam as pacientes a controlarem a ansiedade prévia. Por fim, no intuito de evitar que o orgasmo surja, os especialistas ensinam as pacientes a relaxar a zona pélvica através de exercícios de activação e descontracção muscular. Trata-se, sem dúvida, de uma técnica fundamental.

Para compreender a hiperexcitação
A tensão vaginal que afecta as vítimas do síndroma de excitação sexual persistente surge acompanhada de outros sintomas, cuja origem é pouco conhecida.

Sintomas
Vasocongestão e hipersensibilidade nos seios e órgãos genitais que persistem durante longos períodos e nunca desaparecem por completo.

As manifestações fisiológicas da excitação não se dissipam com o clímax. Por vezes, passam após múltiplos orgasmos durante horas e dias.

A mulher afectada não associa o estado de excitação física a qualquer estímulo erógeno que estimule a sua líbido, nem com uma sensação de desejo.

A excitação pode ser desencadeada não só pela actividade erótica como, também, por estímulos cuja origem não é de cariz sexual.

É uma experiência não-desejada, intrusiva, incontrolável e inevitável.

Causas
Alterações bruscas no sistema nervoso central. Algumas lesões cerebrais concretas ou determinadas lesões na medula podem causar o distúrbio.

Alterações no sistema nervoso periférico, como, por exemplo, hipersensibilidade nos nervos pélvicos.

Problemas no sistema circulatório, como vasocongestão na zona pélvica.

Pressões sobre alguma parte dos órgãos genitais, como as que podem ser causadas por um pequeno tumor ou um quisto.

Perturbações hormonais como as provocadas pela chegada da menopausa ou, em certas ocasiões, durante a ovulação.

Alterações psicológicas provocadas pela depressão ou pelo stress.



N.C. - SUPER 152 - Dezembro 2010

TPM – Tensão Pré-Menstrual


A TPM (tensão pré-menstrual) é um conjunto de sintomas físicos, psicológicos e emocionais que muitas mulheres sentem, geralmente de 1 a 2 semanas antes do ciclo menstrual.

Durante cada ciclo menstrual, o organismo da mulher sofre importantes modificações no nível de seus hormônios sexuais, especialmente estradiol e progesterona.

Tais modificações hormonais podem causar efeitos físicos e psicológicos, tais como: alterações de humor, sensibilidade nos seios, dor de cabeça, ansiedade, insónia e outros.

Causas da TPM
A causa mais comum da TPM está relacionada às alterações bioquímicas nos níveis dos hormônios sexuais estrogênio e progesterona. Essas oscilações hormonais podem causar retenção de líquido e de sal no organismo.

Deficiências vitamínicas (como de vitamina B6) ou de ácidos graxos (como o ácido linoléico); assim como hábitos alimentares, estilo de vida, ausência de atividades físicas e stress também podem estar relacionados aos sintomas. Isso por que, ao se fazerem complementações vitamínicas e mudanças no estilo de vida, foram observadas melhoras nos sintomas da TPM.

Sintomas da TPM
As condições para o surgimento dos sintomas são múltiplas e variam em cada organismo:

- Depressão e pensamentos negativos
- Ansiedade, tensão, nervosismo, excitação
- Fraqueza afectiva, tristeza repentina, choro fácil, sentimento de rejeição
- Raiva ou irritabilidade persistente, aumento dos conflitos interpessoais
- Dificuldade de concentração
- Cansaço, fadiga fácil, falta de energia
- Acentuada alteração do apetite
- Distúrbios do sono
- Sensação de estar fora do próprio controle
- Inchaço e/ou sensibilidade mamária aumentada
- Dor de cabeça
- Dores musculares
- Ganho de peso ou sensação de inchaço

Tratamento da TPM
Por se tratar de uma síndrome, não existe tratamento 100% eficaz já que os sintomas variam muito para cada mulher. Entretanto, existem medidas que ajudam muito:

- Como a TPM está ligada à ovulação, muitas mulheres podem se beneficiar do uso da pílula anticoncepcional (que suspende a ovulação).
- Opte por alimentos mais saudáveis, incluindo na sua dieta mais verduras e frutas, além de praticar actividades físicas.
- Desintoxicação do fígado. O objectivo da desintoxicação é evitar um desequilíbrio nos níveis hormonais, principalmente entre o estrogênio e a progesterona. As funções metabólicas do fígado são muitas: ele está directamente envolvido no metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas, além de armazenar vitaminas e minerais na produção de colesterol e hormônios.
-A desintoxicação inclui aumento da ingestão de líquidos, fibras, frutas e vegetais. Além disso, deve-se evitar a ingestão de alimentos que aumentam a formação de toxinas, como carnes gordurosas, açúcar, álcool e cafeína em excesso.
- Experimente suplementos multivitamínicos; ou opte pelos específicos, como vitamina B6, cálcio, óleo de prímula, magnésio, ginkgo biloba, proteína de soja, isoflavonas e vitamina E.
- Auto percepção, auto-conhecimento e ajuda mútua são pontos básicos para se resolver os conflitos gerados pela TPM, trazendo melhora significativa na qualidade da vida pessoal, profissional, familiar e social.


Fonte: TPM - Tensão Pré-Menstrual | Planeamento Familiar

Masturbação na Adolescência – Saiba como Lidar


O número de relatos que recebemos de pais que se dizem envergonhados e ou até culpadas pelo facto dos seus filhos se masturbarem, é impressionante. Mas é apenas o tabu da “masturbação”, que é tão normal quanto comer um gelado no verão, então, a partir de agora, tratemos este assunto com a normalidade e a maturidade que ele merece.

A masturbação, nada mais é do que o sexo que você faz consigo mesmo. Sendo assim, você não estará apenas tendo um momento de prazer superficial, mas poderá aprender a respeitar mais o seu próprio corpo numa relação a dois, além de descobrir o que lhe dá mais ou menos prazer.

Na adolescência é a fase que começa a descobrir o corpo, e as quantidades de hormônios se duplicam, no qual fazem eles começarem a se masturbar, principalmente quando eles já sabem sobre sexo. Normalmente são sempre os meninos que começam primeiro, só depois as meninas, nesta fase para aliviar a tensão do sexo eles buscam a masturbação de forma solitária.
E não, não são só os adolescentes que se masturbam, muitos adultos ainda fazem parte desta fase, contendo excesso de hormônio, ou por falta de parceiros (as). Se tem um filho ou uma filha, e já os viu a masturbar-se, isso é totalmente normal, está é a fase do conhecimento do corpo e do prazer, não leve isso como uma falta de respeito e sim como um conhecimento do corpo e dos desejos.

Em outros casos, a masturbação pode vir como tentativa de solução para outros problemas. No caso dos rapazes, os que sofrem de ejaculação precoce, por exemplo, podem utilizar a masturbação para trabalhar o problema.

Já nas raparigas, a masturbação – que antes da perda da virgindade NÃO PODE ser realizada com penetração, seja de dedos ou de qualquer outro objeto – pode vir a calhar para as que sofrem com a dificuldade de atingir o orgasmo – o que é muito comum – já que a masturbação, principalmente no caso das mulheres, tende a estimular descobertas sobre a vagina.

A masturbação pode ser uma amiga importante, desde que seja feita com maturidade, e com a vontade necessária.

Fonte: Masturbação na Adolescência – Saiba como Lidar | Planeamento Familiar

Métodos de Combate à Infertilidade


A infertilidade atinge muitos casais em todo o mundo. Afinal “fabricar” um bébé é mais complicado do que se imagina. Mesmo nas melhores condições quando um casal tem relações no período fértil da mulher, a gravidez falha três em cada quatro tentativas. Se as condições não são as melhores (mulheres com mais de 35 anos, irregularidades do funcionamento do seu aparelho reprodutor, espermatozóides deficientes ou em pouca quantidade), as hipóteses de uma gravidez desejada tornam-se drasticamente mais baixas.
Felizmente, que novas portas se têm aberto no combate à infertilidade, pois nos últimos anos as pesquisas neste campo, têm-se desenvolvido muito. São diversas circunstâncias que acusam a infertilidade tanto na mulher como no homem:

MULHER
HOMEM

     Dificuldade no amadurecimento do óvulo e sua libertação;
      Dificuldade na implatação do ovo;
     Trompas estragadas ou bloqueadas devido a infecções pélvicas, DST ou endometriose (bocados de tecido que se escaparam do útero);
     Alergia ao esperma do marido (o sangue da mulher tem anticorpos que destroem os espermatozóides).

     Pouca produção de espermatozóides;
     Espermatozóides sem enzimas para entrar no óvulo;
    Falta de agilidade dos espermatozóide.



PARA COMBATER ESTES PROBLEMAS EXISTEM VÁRIOS MÉTODOS:

·       INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL: consiste em introduzir no colo do útero da mulher, na altura da ovulação, espermatozóides do homem do casal ou de um dador. Usa-se este processo quando o marido é estéril (Fig. 1).

FIGURA 1 - INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL.

COM ESPERMA DO DADOR: o esperma é congelado e colocado no colo do útero da mulher durante a ovulação.
COM ESPERMA DO MARIDO: o esperma é recolhido e depois congelado. Selecionam-se os espermatozóides mais eficazes (devido à falta de agilidade por parte dos espermatozóides) sendo depois o esperma introduzido no colo do útero.


·      FECUNDAÇÃO IN VITRO: o óvulo é recolhido e colocado numa proveta em contacto com o esperma (do marido ou do dador). Dias mais tarde introduz-se o embrião no útero da mulher por via vaginal. Faz-se devido à obstrução das trompas ou devido a uma deficiência no endométrio (endometriose) (fIG. 2).

FIGURA 2 - FECUNDAÇÃO IN VITRO.

·       GIFT: recolhe-se óvulos da mulher e espermatozóides do homem que depois se colocam na trompa, próximos um do outro para que o encontro se dê. Ocorre-se a este método quando os espermatozóides são pequenos e em pequenas quantidades e pouco ágeis  e também devido à endometriose.
·       ZIFT: recolhem-se óvulos da mulher e esperma que se colocam em contacto numa proveta. Se houver fecundação o ovo é colocado na trompa. Usa-se devido à esterilidade do marido e à endometriose.

Orgasmo feminino

Numa altura em que as mulheres afirmam cada vez mais o que querem, não admira que o prazer seja um tema central. Mas será que as inúmeras teorias e estatísticas centradas no clímax são reflexo da realidade? Em entrevista à saber viver, Marta Crawford, sexóloga, desmitificou alguns tabus relacionados com a sexualidade feminina e analisou aquilo que define como o «momento sublime da excitação sexual, o auge em termos de prazer».Ou, por outras palavras, o orgasmo! Aprenda a tirar (maior) partido do seu corpo e vibre de prazer! 

Qual é a importância do orgasmo? 
O orgasmo não é o objectivo principal. Pode até não ocorrer e a relação ser satisfatória. Contudo, mesmo numa relação ocasional, todo o envolvimento entre as pessoas é importante para atingir o clímax. 

Quais são as principais fases até o clímax? 
O desejo, a excitação e o orgasmo. Por vezes, a excitação surge antes do desejo. Através da estimulação, a excitação é provocada e o desejo da relação sexual acontece. O desejo é estar disponível para interagir sexualmente (ou sozinha) e receptivo à vontade do outro. Neste processo, há alterações fisiológicas, nomeadamente ao nível da respiração, da tensão muscular, da lubrificação (na mulher) e da erecção (no homem). O corpo prepara-se para a relação sexual. O auge é o momento em que as alterações físicas atingem o nível máximo, isto é, o clímax. O orgasmo é subjectivo, uma vez que cada pessoa o vivência à sua maneira, mas é um momento em que há uma espécie de descarga. 

O que distingue o orgasmo feminino do masculino? 
A mulher com a sua capacidade de ter vários orgasmos vive-os de forma mais interessante. O homem vive a sua sexualidade de um modo mais linear, rápido, como se atingir o orgasmo fosse o prémio de consolação. 

Que relação existe entre o ponto G e o orgasmo? 
Tenho um certo descrédito quanto ao ponto G. Penso que o prazer deve existir no sentido de estimular mais a mulher e não de estimular um determinado ponto em particular. 

É possível atingir o clímax via Internet?
Sim, estes meios estão cada vez mais em foco e através da masturbação atinge-se o orgasmo. Diante do ecrã, as pessoas desprendem-se dos seus medos e, como consequência, as conversas tornam-se rapidamente mais íntimas e erotizadas. A única vantagem é impedir as doenças sexualmente transmissíveis. 

Que factores podem impedir o orgasmo?
Os problemas educacionais, medos e preconceitos relativamente à sexualidade podem dificultar o momento de prazer supremo. Se a mulher fez auto-descoberta do corpo, se sente bem quando está nua e na relação com outra pessoa isso leva-a a libertar-se para o orgasmo. Quando não é o caso, é complicado atingir o ponto máximo de excitação. 

Como podemos superá-los? 
Através do diálogo, da capacidade de perceber que há um problema e técnicos específicos para ajudar. É preciso aprender outras alternativas para viver uma sexualidade em pleno. Interessa é que cada um consiga encontrar o equilíbrio no qual ambos tenham satisfação na relação. 

A que especialista se deve recorrer? 
A um sexólogo ou terapeuta sexual para avaliar e tentar resolver o problema. As abordagens dependem do caso e podem ser muito complexas, todavia muitas questões estão relacionadas com o foro sexual e com relacionamento, nomeadamente na conjugalidade, na gestão do quotidiano, nas questões de poder, nas relações com filhos ou na comunicação. 

A dificuldade em atingir o orgasmo pode dever-se a problemas de saúde? 
Normalmente, a maior parte das pessoas que procura ajuda já tem a noção de que, eventualmente, se trata de uma questão psicológica ou vivencial. Pode haver razões físicas, a nível clitoriano, por exemplo, em situações como radioterapia sobre a pélvis, lesões dos nervos da região pélvica e genitália externa, como consequência de acidente, doenças crónicas ou lesão medular. 

A forma como se vive o orgasmo muda ao longo da vida? 
A sexualidade tem imensos tempos e todos podem ser brilhantes até ao fim da vida. As vivências não têm que ter sempre a mesma forma e intensidade. Com o avançar da idade a mulher sente-se mais confiante com o corpo, com a vida e consigo. Terá mais maturidade para uma vivência sexual mais intensa. 

Que técnicas ajudam a melhorar o orgasmo feminino? 
O lubrificante normal facilita a sexualidade, aumenta a excitação e torna mais fácil atingir o orgasmo. Fundamentais são os preliminares! Directamente ligados ao tipo de relação que se tem com o parceiro ou parceira, o respeito que existe entre o casal, a manutenção da relação e as pequenas atenções do dia-a-dia. 

Sexo é sinónimo de orgasmo? 
O sexo é muito mais abrangente, não é apenas o coito. Tudo é sexo desde que os dois queiram e se sintam bem no que estão a fazer independentemente de haver coito ou não. Sexo oral, masturbação, carícias, beijos são comportamentos sexuais e todos eles permitem chegar a um ponto alto de excitação e ao orgasmo. Um último conselho para as leitoras da revista saber viver… Olhe para si, descubra como é a sua vagina, a sua vulva, aprenda a acariciar-se sem ter vergonha de o fazer, porque, de facto, primeiro somos um e depois é que somos dois. Fonte: Orgasmo feminino | Planeamento Familiar

Sexualidade Infantil - do nascimento ao 2.º ano de vida

O período que decorre entre o nascimento e a aquisição da linguagem é um período marcado por um extraordinário desenvolvimento mental. De acordo com Piaget (1978), esta fase nem sempre é devidamente reconhecida por não ser acompanhada pelo desenvolvimento da linguagem, o que não nos permite seguir o progresso da inteligência e dos sentimentos, como acontecerá mais tarde? (Piaget, 1978:18).

Este período mostra-se decisivo para todo o desenvolvimento posterior, pois, em dois anos, a criança ganha um conjunto de novas e importantes competências, como seja o aparecimento da marcha, o início da linguagem e do controlo dos esfíncteres. Todas elas tornam a criança mais independente e com maior capacidade de explorar o meio.

Se a primeira fonte de prazer corporal se encontra na região oral e a amamentação é, sem dúvida, uma fonte de prazer expressivo para o recém-nascido, com o desenvolvimento e maturação do sistema nervoso central, e com a gradual aquisição da coordenação motora, a criança lança-se à descoberta do seu corpo e dos prazeres que este lhe proporciona (Piaget, 1978; Felix, 1995; Lopez & Fuertes, 1999; Strecht, 2001).

É um facto da observação quotidiana que os bebés e as crianças mexem e interessam-se pelos seus órgãos genitais. Esta ?masturbação? (entende-se esta masturbação infantil como a manipulação dos órgãos genitais, observável nos rapazes a partir dos 6/7 meses e nas raparigas a partir dos 10/11 meses; no entanto, e de realçar que autores como Bakwin (1973) e Kinsey (1953) apontam para a existência de orgasmos a partir dos 6 meses (Pereira, 1987)) infantil conduz a sensações que vão do prazer à curiosidade (Lopez & Fuertes, 1999).
No entanto, estas actividades não são, nesta fase, reconhecidas como manifestações precoces da sexualidade e, portanto, não são reprimidas pelos adultos, pois a sociedade não reconhece o exercício da sexualidade não genitalizada.

Um outro aspecto importante e fundamental da sexualidade infantil são as relações entre o bebé e os adultos que lhe estão próximos (as figuras de apego. com as quais se operam os processos de vinculação). O apego, de acordo com Bowlby (1969), citado por Montagner (1993), é um sistema que garante os vínculos entre os progenitores e as crias, com fins de sobrevivência, mas que no ser humano tem um papel crucial. Bowlby entende a vinculação como a capacidade inata dos recém-nascidos se ligarem aos adultos que lhe estão próximos, sobretudo os que dele cuidam no dia-a-dia.
O bom desenvolvimento depende da qualidade dos vínculos, que por sua vez mediatizam a sexualidade ao longo de toda a vida e, muito particularmente, durante a primeira infância (Felix. 1995; Lopez & Fuertes, 1999).

A teoria da vinculação de Bowlby ajuda a compreender a nossa capacidade futura de estabelecer relações com boa qualidade afectiva através de padrões de vinculação seguros, o que significa um bom nível de auto-estima e um grau adequado de confiança nos outros (Strecht, 2001). O vínculo afectivo entre a criança e o adulto que a cuida (apego) implica sentimentos, comportamentos e um conjunto de expectativas que se forma durante o primeiro ano de vida.
Na experiência relacional com as figuras de apego, a criança adquire:
a confiança e a segurança que lhe permite abrir-se a contactos com o meio envolvente;
o uso e o significado de formas de comunicação íntimas e informais;
o uso e o significado de expressões emocionais; e
a capacidade de explicitar as suas necessidades, bem como a de satisfazer as necessidades dos outros.

Ao generalizarem estas experiências, as crianças vão posteriormente utilizálas em outras relações sociais, nomeadamente naquelas que impliquem afectos e formas de comunicação íntimas, como o namoro, as relações sexuais e a amizade (Félix, 1995, Lopes&Fuentes, 1999).

De uma forma simplificada e resumida, podemos dizer que as principais características da sexualidade nesta idade são:
1. Importância das figuras de apego nos processos de vinculação.
2. Actividades íntimas de satisfação oral ? mamar, chupar no dedo ? que podem ser entendidas como actividades eróticas não genitais.
3. Reconhecimento dos papéis sexuais, estabelecendo a diferença dos papéis atribuídos a um ou ao outro sexo.

Sexualidade e Envelhecimento

Todas as pessoas, independentemente do seu sexo, estado civil ou idade, têm direito a uma sexualidade que as satisfaça não só em termos físicos como também emocionais.

Uma das ideias mais comuns na nossa sociedade é a de que as pessoas idosas não têm vida sexual. Esta ideia, bem como muitas outras sobre a sexualidade nesta fase da vida são falsas. Vejamos algumas delas:
Quando a pessoa envelhece o sexo faz mal à saúde.
Os idosos não têm condições físicas que lhes permitam ter uma actividade sexual.
Os idosos não têm interesses sexuais.

Estas ideias fazem com que, socialmente, não seja esperado que um idoso tenha o desejo de ter relações sexuais e ainda menos que demonstre esse desejo. Chega-se a considerar que é de mau gosto que os idosos assumam os seus interesses sexuais.
Por interiorizarem estas ideias, muitos idosos acabam também por pensar que, devido à sua idade, não têm mais o direito a uma vida sexual.

O envelhecimento não implica o desaparecimento da sexualidade. O que pode existir é uma evolução na maneira de estar e de viver a sexualidade. De facto, ocorrem algumas alterações, lentas e progressivas, no corpo dos homens e das mulheres a partir dos 40 anos de idade que podem afectar a sexualidade à medida que a idade avança. Referimos algumas:

Nas mulheres:
- A vagina diminui de tamanho, torna-se mais estreita e perde elasticidade.
- A lubrificação da vagina torna-se mais lenta e surge em menor quantidade.
- Diminui a intensidade e a frequência das contracções da zona pélvica durante o acto sexual.

Nos homens:
- Diminui a produção e emissão de esperma, embora nunca chegue a desaparecer por completo.
- A erecção é mais lenta, menos firme e necessita de mais estimulação.
- Reduz-se a intensidade das sensações do orgasmo.
- Dá-se um aumento do período refractário, ou seja, do tempo de recuperação necessário entre um orgasmo e o seguinte.

É importante notar que estas alterações não ocorrem nem na mesma altura nem da mesma forma em todas as pessoas. Cada indivíduo tem o seu próprio ritmo e, para alguns, estas mudanças não chegam a ser muito pronunciadas.
Também o modo como cada pessoa vive estas alterações é diferente. Algumas encaram-nas como naturais, enquanto que outras ficam alarmadas e preocupadas, pensando que vão deixar de poder ter relações sexuais.

Uma das razões pelas quais isto acontece é porque existe a ideia de que o sexo se reduz ao coito, ou seja, à penetração do pénis na vagina, o que é uma visão muito limitada da sexualidade. Existem muitas formas de dar e de ter prazer numa relação entre duas pessoas, que não apenas através do coito.
As carícias, os beijos, as massagens, a partilha de intimidade e de afectos são algumas de entre outras possibilidades de explorar o prazer sexual durante a velhice como, aliás, em qualquer outra idade.

A masturbação é também uma forma válida de ter prazer, que pode ser utilizada numa relação a dois, bem como (e principalmente) na ausência de um parceiro sexual.

Alguns tipos de doenças, como sejam a diabetes ou a esclerose múltipla, certos medicamentos, como sejam os utilizados para tratar doenças cardíacas ou para a hipertensão, e intervenções cirúrgicas na zona pélvica, podem provocar dificuldades sexuais.

Na mulher, com a menopausa, ocorrem algumas alterações fisiológicas e hormonais que podem igualmente afectar a actividade sexual.

Para melhor lidar com o impacto destas alterações sobre a sexualidade, nomeadamente no sentido de as minimizar, é de grande importância falar com um técnico de saúde. Além do médico de família, pode-se sempre consultar um ginecologista (para as mulheres), um andrologista (para os homens) ou um sexólogo (para ambos) a fim de obter ajuda para ultrapassar eventuais dificuldades sexuais que possa.

Sexo e desporto

O sexo como acto por si só tem poucos ou nenhuns efeitos na performance competitiva. Não são as relações sexuais que prejudicam a performance, é a falta de sono, as noitadas ou, ironicamente, a própria procura de sexo. Está cientificamente comprovado que o tempo de repouso é essencial a uma boa performance desportiva. Por outro lado e devido à ausência de certezas científicas, a relação entre a abstinência sexual e o desporto de alta competição, é fonte de crendice e discussão.

À semelhança dos mitos criados em volta da sexualidade, muitos foram os argumentos utilizados, ao longo dos séculos, a fim de proibir as relações sexuais antes das competições. Para os gregos sémen era força e vida, devia ser preservado e não desperdiçado. Mais tarde, na época medieval, um herói devia ser abstinente, permanecer puro para conseguir vitórias; a ausência do prazer sexual despertava uma maior agressividade e consequentemente uma melhor performance desportiva.

Mais recentemente foram desenvolvidos alguns estudos relativamente à testosterona, hormona potencial do desempenho atlético, resistência e capacidade física. Sabe-se que os níveis da testosterona diminuem temporariamente após as relações sexuais. Mas será a actividade sexual assim tão corrosiva do equilíbrio calórico? Na realidade, a energia despendida não atinge elevados níveis calóricos e o sexo pode ser uma estratégia anti-stress, um meio de aliviar a pressão característica dos desportos de alta competição.

Estes são alguns dos aspectos físicos desta problemática sendo também necessário ter em consideração os aspectos psicológicos que variam consoante o atleta e a sua maneira de lidar com a própria sexualidade. Quando falamos de futebol ou de qualquer outra prática desportiva de equipa é importante pensar que as vésperas das competições são caracterizadas por uma rotina preparatória que visa fortalecer a unidade em torno da equipa. Se pensarmos exclusivamente na grandiosidade do mundo do futebol e do impacto do jogo e do negócio, conseguimos compreender a exigência de uma excelente forma competitiva a nível individual, mas também em termos de equipa.

Claro que se podem evitar exageros como obrigar contratualmente os jogadores à abstinência. Não se deve punir por lei a prática de um dos actos mais instintivos e naturais, mas também é preciso compreender e respeitar regras e limites. Tal como nos esforçamos por trabalhar em equipa, dividir tarefas, respeitar horários de trabalho, cumprir objectivos, horas de formação, assim como todos assumimos responsabilidades inerentes ao nosso trabalho - o mesmo se espera destes desportistas de alta competição.

A vida sexual faz parte da esfera do privado, da vida pessoal e da gestão que cada um faz dela. Limitar ou proibir será desresponsabilizar os atletas. O treinador terá um papel importante no aconselhamento, mas caberá ao atleta o bom senso na gestão do que é a sua vida privada e de que modo ela interfere na sua vida profissional.

Quando alguém diz "não"...

Viver a sexualidade, partilhar a nossa intimidade com uma pessoa que amamos é algo maravilhoso. É um acto de dádiva mútua, de partilha, no qual nada é imposto.
O interesse sexual não desejado é uma forma de coacção à qual ninguém tem de ceder. Esta coacção pode assumir a forma de observações grosseiras, contactos corporais não desejados, chantagem ou promessas feitas para obter favores sexuais, entre outras acções. Se alguém fizer ou disser algo que te faça sentir pouco à vontade, não tens que "aguentar" e muito menos que ceder à pressão que sentes.

As pessoas que praticam acções que te deixam desconfortável (como tocar-te "sem querer" num transporte público ou dar-te uma palmada no rabo quando te vêem porque te "conhecem desde pequeno(a)") podem ser pessoas que conheces há muito tempo ou que são mais velhas. E esse facto pode fazer-te duvidar, fazendo-te pensar se não será tudo imaginação ou se estás a "ver maldade em tudo". Nestas situações, confia nas tuas sensações: tu melhor que ninguém sabes se o teu espaço íntimo está a ser invadido.

Não deixes que o teu pensamento seja afectado por mitos. Para rebater alguns desses mitos, eis algumas verdades.

1. - Quando uma rapariga (ou um rapaz) é vítima de violação, parte da culpa é da vítima. Ou porque usava uma roupa provocante, ou porque "as pessoas decentes não vão para ali àquela hora" ou porque podiam ter lutado mais...
Nada disso. Toda a violação é uma agressão. As vítimas não querem ser violadas e, frequentemente, os violadores atacam pessoas que sabem ser mais fracas.

2. - Os violadores são desconhecidos que atacam as suas vítimas ao acaso.
Não é bem assim; em cerca de 80% dos casos de violação o violador conhece a vítima e vice-versa. E acontece que a vítima não comunique a agressão por sentir "vergonha" face a um agresso que conhece.

3. - A verdade é que nenhuma vítima sente prazer durante uma violação. A violação é uma experiência humilhante e dolorosa.

Se conheceres alguém que esteja a ser alvo de abuso sexual dá-lhe apoio. Ajuda-o(a) a quebrar a "lei do silêncio" e fá-lo(a) compreender que é possível sair do labirinto de vergonha e medo em que se encontra.

Cancro do colo do útero

Breve estatística
Portugal é dos países da União Europeia o que regista a maior incidência de cancro de colo do útero: cerca de 17 casos por cada 100 mil habitantes, com 900 novos casos por ano.
Todos os anos morrem mais de 300 mulheres em Portugal com este tipo de cancro.


O que é?
As infecções por Vírus do Papiloma Humano (VPH) são muito comuns - estima-se que mais de 70% das pessoas com uma vida sexual activa contraiam pelo menos uma infecção deste tipo. A esmagadora maioria das infecções é controlada pelo nosso sistema imunitário e é quase inofensiva; mas cerca de 20% das infecções tornam-se crónicas e podem estar na origem de um cancro, sobretudo se associadas a outros factores, como os factores genéticos ou os adquiridos, como o tabagismo.

O VPH é um vírus do qual se conhecem, pelo menos, setenta tipos associados a manifestações clínicas específicas, dos quais mais de vinte podem infectar o aparelho genital. Os vírus do papiloma humano, podem ser de alto ou baixo risco, de acordo com o seu potencial oncogénico (ou seja, a capacidade para dar origem a um tumor).

A infecção, que se transmite, habitualmente, por via sexual, frequentemente não apresenta qualquer sintoma específico e pode desaparecer espontaneamente. Em alguns casos, a infecção é persistente, sendo a principal causa de cancro do colo do útero. Está também associada a outras formas de cancro, como o cancro do canal anal e do pénis.

Estima-se que mais de 99% de todos os casos de cancro do colo do útero estejam associados à infecção por VPH, sendo os subtipos 16 e 18 responsáveis por cerca de 70% destes casos.

A vacina
A inclusão da vacina no Programa Nacional de Vacinação surge com a descoberta de duas vacinas: uma contra os subtipos de VPH 6 e 11 e outra contra os subtipos 16 e 18.
A vacina visa prevenir o cancro do colo do útero e outras doenças provocadas pelo VPH.

Em Outubro de 2008 a vacina começou a ser dada a raparigas com 13 anos de idade (nascidas em 1995). Será realizada uma campanha de "repescagem", entre 2009 e 2011, vacinando as raparigas que completem 17 anos no ano da campanha (ou seja abrangendo as mulheres nascidas em 1992, 1993 e 1994).

No combate ao colo do útero aposta-se também na prevenção secundária, na fase adulta da mulher, através do exame citológico do colo do útero.